Preparando as águas
do futuro
Por: Aline Pagliarini
ONG Bio-Bras de Mogi
das Cruzes lança nas escolas projeto Gestão das Águas do Futuro
DIVULGAÇÃO
Nadja Soares de Moraes, bióloga e presidente da ONG Bio-Bras
Será
que as gerações futuras terão água limpa para beber e suprir as necessidades
básicas do dia a dia como, tomar banho, cozinhar e lavar roupa? Pesquisas
apontam que daqui a duas décadas os recursos hídricos vão fazer falta para
alguns lugares do planeta. A situação é preocupante, por isso ambientalista
estão criando programas de preservação das fontes naturais. É o caso da bióloga
e presidente da ONG Bio-Bras de Mogi das Cruzes, Nadja Soares de Moraes que
está implantando o projeto Gestão das Águas do Futuro.
A
iniciativa envolve 23 escolas municipais, estaduais e particulares da cidade,
em que 120 professores foram capacitados para ensinar aos alunos como funciona
a distribuição dos recursos hídricos para a população do Alto Tietê. O projeto
vai formar até dezembro deste ano os comitês mirins e jovens de bacias
hidrográficas, que tem como objetivo aplicar a metodologia do gerenciamento das
águas no município. A proposta é que nos próximos anos o programa seja
reaplicado em outras bacias e em outros estados do Brasil.
Segundo
Nadja, o gerenciamento na forma de comitê das águas de São Paulo completou 20
anos, em que o Estado, as Prefeituras e a Sociedade Civil administram os
recursos. O modelo está sendo reaplicado em outras regiões do país,
praticamente todos os estados possuem comitês. “Hoje a gestão não é mais uma
divisão política de municípios e sim de bacias hidrográficas”, concluiu.
A
função do comitê é administrar a barragem e o abastecimento nas regiões. A
bióloga salienta que o valor pago pelo uso da água em usinas hidrelétricas e
indústrias é depositado no fundo de recursos hídricos e o comitê decide como
deve ser utilizado o valor arrecadado.
Projeto Renove
Com
65 sócios e afiliados, uma equipe de 22 funcionários, voluntários e estagiários
a Bio- Bras também desenvolve desde 2008 o projeto Renove, que tem como missão
evitar o descarte de óleo vegetal no rio Tietê. O programa recolhe mensalmente
30 mil litros de óleo e já conseguiu minimizar 20% da poluição.
De
acordo com Nadja, a Bio-Bras instalou mais de 150 postos de coleta em lugares
públicos na região do Alto Tietê. A dona de casa e os proprietários de
comércios do segmento alimentício depositam em vasilhames com tampa o óleo
utilizado. A ONG recolhe o material e reaproveita na forma de não poluir a
água. “Usamos na produção de tintas, vernizes, óleos desmoldantes,
lubrificantes e biodiesel”, ressaltou.
DIVULGAÇÃO
Historicamente
o óleo vegetal pode ser reaproveitado para fazer sabão caseiro. A ambientalista
explica que isto acaba voltando para o rio com uma contaminação ainda maior e,
que nem a estação de tratamento consegue limpar a água. O projeto mudou o
hábito de mais de 12 mil residências, que aprenderam a separar e destinar
corretamente o óleo.
O
sucesso do Renove recebeu prêmios e parceiros importantes como, a Sabesp, o
Comitê e o Subcomitê de Bacias Hidrográficas do Alto Tietê Cabeceiras e o apoio
do Programa Petrobras Ambiental, premiado na edição de 2010.
Código Florestal
A
polêmica dos deputados modificarem a parte do texto do Código Florestal que
trata do uso e da recuperação nas Áreas de Preservação Permanente (APP) está
provocando manifestações de ambientalista, que em menor número e com pouca
credibilidade querem chamar a atenção para as questões ambientais. Entretanto,
a decisão só cabe ao poder e as vozes politicas regem o país.
Para
Nadja, é um retrocesso que vem passando pelos departamentos e beneficiando
somente os grandes latifundiários e as multinacionais. “São eles que bancam as
transformações e os políticos que votam nas mudanças. Não se pode abrir mão das
áreas de preservação permanente, as catástrofes, o grande volume das chuvas e
secas estão acontecendo, o efeito ambiental é mais prejudicial e custa mais
caro para o governo do que preservar o meio ambiente”, afirmou.
Remodelar
o Código Florestal levanta a bandeira de que como os pequenos latifundiários e
a agricultura familiar vão se beneficiar? A bióloga disse que a última instância
será o veto da Presidenta Dilma Rousseff, pois quem está ganhando é o poder
econômico. “Não se fala em desenvolvimento sustentável, a não ser que a
sustentabilidade for econômica e não para a população”, ressaltou. Ela concluiu
dizendo que o governo vai aprovar uma lei que abre brechas para que os
empresários se beneficiem, por outro lado, vai isentar todos que até 2008
cometeram crimes ambientais.
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