Língua mãe quer unir
filhos
Por: Aline Pagliarini
Novo Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa unifica oito nações que falam o idioma
Consequência
sem trema, autoescola perdeu o hífen e assembleia aboliu o acento agudo. As
pessoas estão economizando na escrita ou a teoria que o mundo vai acabar em
2012 já começou matando as palavras? Não, ocorre que no dia 1° de janeiro deste
ano entrou em vigor o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, o qual
estabelece mudanças de algumas palavras.
O
português não é apenas a língua mãe do Brasil, ela também carrega no colo mais
sete filhos: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe,
Timor Leste e o nosso pai, Portugal. O objetivo de unir esta família é acabar
com as diferenças existentes e facilitar o intercâmbio de informações e textos,
entre os irmãos.
DIVULGAÇÃO
Já
faz mais de 30 anos que a Academia Brasileira de Letras e a Academia de
Ciências de Lisboa tentam juntar a família, porém, só agora é que foi
registrada a certidão de nascimento de cada filho. Em 29 de setembro de 2009, o
ex-presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva lavrou nossa certidão. De
acordo com o decreto, entre 2010 e 2012 é o período de transição, em que tanto
a ortografia antiga quanto a nova estarão sendo aceitas em vestibulares,
concursos públicos e órgãos de imprensa.
A
princípio pode parecer que é uma mudança muito grande, mas apenas 0,5% das
palavras terão alterações na grafia. Entretanto, teremos até 31 de dezembro
deste ano para nos juntar aos nossos irmãos.
Outras reformas
Essa
não é a primeira vez que a mãe tenta unificar seus filhos. Em 1911, o português
sofreu uma reforma ortográfica encabeçada por Portugal que alterou a maneira
de se escrever palavras como, farmácia (que antes se escrevia pharmarcia, com
ph) e cristalino (que era grafado christallino, com ch e ll).
No
Brasil, a última grande reforma do idioma ocorreu em 1971. Visando aproximar os
irmãos portugueses e brasileiros, foram supridos os acentos gráficos
responsáveis por 70% das divergências entre duas ortografias oficiais. A
mudança aboliu o acento circunflexo das palavras acôrdo, govêrno e flôr, por
exemplo.
Opinião de educador
Para
a professora de Língua Portuguesa, Flávia Antonia Siqueira Silva, que há seis
anos trabalha na área da educação e atualmente leciona em uma instituição da
Rede Pública Estadual de Ensino na cidade de Ferraz de Vasconcelos (S.P), a
mudança da nova ortografia foi extremamente desnecessária, pois não facilita na
escrita. “Um exemplo disso é o uso dos porquês, as dúvidas continuam, as
pessoas se habituam a escrever de uma só maneira, mesmo estando errado”,
apontou.
DIVULGAÇÃO
Segundo Flávia, mesmo com os novos livros
didáticos vindo com as mudanças ortográficas, será um desafio para os
professores fazer os alunos alfabetizados reaprender a escrever o idioma,
principalmente quando, “o governo, ressaltou a professora, está fornecendo
apenas um guia on-line para ser trabalhado em sala de aula”.
DIVULGAÇÃO
A
compreensão das mudanças da língua mãe causa muitas dificuldades nos filhos.
Flávia explica que guias e manuais são excelentes ferramentas para aprender as
novas normas ortográficas. Ela salientou que o educador deve incentivar os
estudantes a prática da leitura. “Ler muito, além de ampliar o repertório do
aluno, faz com que ele escreva e fale melhor".