Quem sou eu ???

Seja bem-vindo ao Blog ComunicAção!!! Sou graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Braz Cubas (S.P). Conquistei a Menção Honrosa na 4° Edição do Prêmio CBN de Jornalismo Universitário (2012) http://cbn.globoradio.globo.com/premio-cbn-2012/VENCEDORES.htm. Trabalhei na Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos (S.P), fui repórter do jornal Cenário Notícias de Ferraz e produtora na Rádio Metropolitana AM 1070 de Mogi das Cruzes (S.P.). Também atuei como estagiária nas agências NA Comunicação e Marketing e SPIN Comunicação. As reportagens, matérias, crônicas e artigos postados foram desenvolvidos na faculdade sob a orientação dos professores. E os textos sobre política foram redigidos na Secretaria de Comunicação de Ferraz. Também estão disponibilizados nos sites: www.ferrazdevasconcelos.sp.gov.br, www.mogiano.com e www.jornaldomunicipio.com.br

domingo, 3 de junho de 2012

A guerra do transporte público

Por: Aline Pagliarini

São Paulo é o estado que tem maior fluxo de transporte coletivo do país. Milhares de pessoas todos os dias enfrentam trens, metrôs e ônibus. São pais de famílias que por meio do trabalho buscam o sustento dos filhos.  

O brasileiro João Gomes da Silva, 38 anos, é um personagem fictício no meio desta realidade, morador da cidade de Poá, casado, pai de dois filhos e a esposa está grávida do terceiro. Trabalha de auxiliar de produção de segunda a sábado em uma empresa próximo ao metrô Liberdade. Ele embarca no trem das 6h na estação de Poá, com os equipamentos preparados para enfrentar a batalha diária, na mochila preta carrega a marmita com o almoço, a blusa de moletom, o guarda-chuva e objetos de higiene pessoal. 

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Tentando se equilibrar nos vagões de combate começa o empurra, empurra, escuta alguns soldados na zona de risco explanando palavrões e outros fecham os olhos para recuperar o sono perdido na madrugada. Assim, Seu João segue viagem até a estação Guaianazes para transferência de linha, agora outro episódio de guerra, a disputa por lugar para ir sentado até a estação da Luz.

Os barulhos dos sapatos indicam a correria para entrar no outro trem. Outra vez o empurra, empurra, junto com o aperto. Segundo a lei de Newton: dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, mas no transporte público de São Paulo essa lei não existe, pois cerca de quatro pessoas ocupam um metro quadrado dentro de um vagão de trem.   

O aperto é constante como se fossem sardinhas enlatadas, um apoia no outro, são braços nas costas, cotovelos na barriga, as pessoas ficam tão próximas uma das outras que João chega a ficar quase 40 minutos sentido a respiração do outro passageiro em seus cabelos. 

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Enfim, estação Luz, os combatentes fazem transferência para o metrô, começa uma nova batalha, a aglomeração para aguardar o metrô na plataforma. Passa um e Seu João não consegue entrar, passa outro, nem próximo da porta ele chega, finalmente no terceiro ele consegue embarcar, junto dele as armaduras dos soldados caracterizadas pelas bolsas e mochilas que se apertam no meio da multidão. Se equilibra no aperto, após alguns minutos o trabalhador finalmente chega à estação Liberdade, está parcialmente “liberto”, ainda falta à volta.

O trabalhador chega à empresa no horário, ainda bem que não está chovendo, pois quando isto acontece o transporte metropolitano fica lento e chegar ao serviço sem atraso, é luxo. Está próximo das 17h, zona de combate aglomerada, um exército de trabalhadores segue de volta para casa. Seu João embarca no metrô, faz transferência para trem e chega à estação Brás, um dos maiores centros de compras de São Paulo, mas agora um novo elemento faz parte da viagem, mulheres com pacotes gigantes repleto de mercadorias para estocar e vender em seus comércios. Mais uma vez algo que não funciona no transporte metropolitano, a bela voz que anuncia “proibido carregar volumes que possam causar transtorno aos usuários”.   
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Passado mais de 30 minutos, o trabalhador faz transferência para o trem sentido Guaianazes, não consegue embarcar no primeiro então espera o próximo. Vê jovens e homens sentados nos assentos preferenciais, olha para a esquerda, vê uma gestante em pé e ninguém se manifesta para dar o lugar. Ele se lembra da esposa grávida de cinco meses que poderia estar passando pela mesma situação. Assim, segue viagem tendo que suportar o odor de suor dos passageiros característico do dia de trabalho.

Chega em Guaianazes, mas falta mais uma etapa, embarcar no trem sentido Estudante. Finalmente, João desembarca ao destino final, estação Poá, caminha até sua casa, já são quase 19h, chega dá um beijo na esposa e nos filhos toma banho, vai jantar, assiste um pouco de TV e vai dormir para no outro dia enfrentar tudo de novo, com um detalhe, completar o trajeto ida e volta de pé. É a realidade do trabalhador brasileiro registrado com cerca de dois salários mínimos, trabalha muito e descansa pouco.
 
Estamos em ano eleitoral, os candidatos começam a fazer campanhas, promessas, discursos, passam quatro anos no poder e pouco faz pelas politicas públicas do país. O transporte público está um caos, são poucos veículos para comportar o grande número de passageiros. Em 2014, o Brasil será sede do maior evento esportivo, a Copa do Mundo e receberá vários estrangeiros. Será que até lá teremos transporte coletivo adequado para os brasileiros e os visitantes? Ou o país ficará com a má fama aos olhos das outras nações? Depende de quem a sociedade colocará no poder para que os líderes políticos escolhidos trabalhem em favor do povo.

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