Bullying: alvo de
ofensa
Por: Aline Pagliarini
Escola torna ambiente de práticas ofensivas mascaradas como brincadeiras
Quem nunca
foi caçoado ou caçoou alguém na escola? Risadinhas, fofocas, empurrões, ganhar
apelidos por ser gordo, magro, usar óculos ou aparelho nos dentes? A maioria
das pessoas já testemunhou ou foi vítima dessas chamadas “brincadeirinhas”.
Estudantes
de todas as idades sofrem com um tipo de violência que vem mascarada na forma
de brincadeira. Este tipo de comportamento recebe o nome de bullying e pode
acarretar sérias consequências no desenvolvimento psíquico dos alunos,
provocando desde a baixa autoestima até em casos maios extremos, o suicídio.
O
bullying é um termo em inglês utilizado para designar agressões intencionais,
verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva geralmente por grupo alunos
contra um colega da escola. São provocações, ameaças e até humilhações racistas
ou preconceito homossexual, feitos à vítima por ela não ter os padrões e as
características físicas impostas pela sociedade.
No
princípio pode parecer uma simples “brincadeira inofensiva”, mas que de maneira
contínua essas práticas separatistas e difamatórias afetam o estado emocional
da vítima acarretando isolamento, queda no rendimento escolar ou algum tipo de
trauma que influencie nos traços da personalidade.
De
acordo com especialistas, além de o bullying acontecer nas escolas também pode
ocorrer em outros contextos sociais, como em universidades, locais de trabalho,
famílias e vizinhanças.
Opinião de
especialista
Segundo
a psicóloga clínica, Ivanice Schneider Utsumi, o bullying já vem ocorrendo há
muito tempo, só que não recebia este termo e às vezes os pais não conseguem
identificar se o filho está sofrendo algum tipo de humilhação, acham que isso
pode acontecer com outras crianças e não com o próprio filho. “A criança que
sofre de bullying fica mais introvertida, quieta, tímida e com medo de ir para
escola, começa a inventar desculpas, como dor de cabeça, dor de barriga, para
não ir à escola”, afirmou.
Para
a psicóloga, quando os pais percebem que o comportamento do filho está mudando,
tem que ir à unidade escolar, conversar com os professores e saber o que está
acontecendo. Porém, os pais trabalham muito e jogam a responsabilidade de
educação sobre a instituição de ensino e a escola, por sua vez, não se acha
a única responsável por educar e devolve a obrigação para os pais. Ela salienta
que “quanto mais a parceria da escola e dos pais estiverem juntas, melhor é a
convivência da criança nos dois ambientes”.
A
especialista comenta que a rede pública de ensino está deficiente de
profissionais de psicologia, e que quando ministrou uma palestra sobre bullying
em uma escola de Mogi das Cruzes, estudantes disseram que sofrem desta prática.
“Geralmente, é aquela criança gordinha, magrinha ou que usa óculos”, ressaltou.
A psicóloga ainda acrescenta que durante a palestra um aluno de 7 anos disse:
–– ‘Tia, agora não é mais quatro olhos que se chama, agora é 3D, quem usa
óculos a gente chama de 3D’. “Os apelidos estão evoluindo, e a criança sofre mesmo jeito”, concluiu.
Dentro
do processo educacional, Ivanice declara que o trabalho dos pais e da escola
deve ser em conjunto. Ensinar que a agressão verbal ou física não leva a nada,
parar de alimentar na criança que é violenta, atos de violência. Em
contrapartida, instigar crescer e melhorar a autoestima da criança que é
ofendida.
Cyberbullying
Recentemente
as mídias digitais deram uma nova cara ao problema. As difamações e calúnias
transpuseram as barreiras das escolas e chegaram ao meio virtual batizados como
cyberbullying. São e-mails ameaçadores, comentários depreciativos em sites de
relacionamento e mensagens com fotos e textos constrangedores.
DIVULGAÇÃO
O
espaço virtual é ilimitado, o poder de agressões se amplia e a vítima se sente
acuada mesmo fora da escola. De acordo com a especialista, o cyberbullying está
na moda, as crianças estão mais informatizada e começam a praticar o bullying
dentro da internet. “Falam mal dos professores, criam sites e comunidades
referente ao aluno que foge dos padrões físicos”, afirmou.
Ivanice
salienta que os pais têm que saber o que os filhos estão fazendo no ambiente
digital e observar sinais de mudança de comportamento, “como é a rede social
que ele participa, com quem ele fala”, ressaltou. “Crianças que cometem
bullying crescem adultos sem limites, que pode levar para o lado do crime”,
alerta a psicóloga.
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